Hão de florir pela quaresmeira extinta
outros lilases por este abril anunciado pelo quintal
outras flores inúmeras
que este ano habitam por aqui
de corpo aberto em carne, cores, perfumes e saudade
escritas ao avesso de páginas consumidas,
há um desejo
de por os olhos de novo em suas flores
que se somariam às florações anuais
guardadas na memória (talvez nalguma fotografia também)
para este tempo em que por ela há de florir apenas
o quintal
exilado nos regozijos desta manhã de abril
há um clamor silenciado
pela escuta de sua voz, pela silhueta de seu corpo
tatuado nas escutas e nas falas quotidianas segredando confidências
pelo dia
o muro em que suas hastes, florais vestidos, roçam o corpo
qual vestido estampado oscilando aos ventos comedidos de abril
ainda me acalma